terça-feira, 1 de julho de 2008

Amantes e Rivais

“...Passaram-se uns quatro anos, um dia eu andando pela estrada pensando na Adriana, o grande amor de minha vida, passou um carro por mim e voltou de marcha à ré. Era ela que o pilotava. Ofereceu-me uma carona que agradeci e dispensei, o meu machismo não me permitia viajar em automóvel dirigido por mulher. Parece que ela percebeu a minha razão e ofereceu-me o volante. Eu não o aceitei porque não sabia dirigir. Quando ela disse que queria a minha companhia para conversamos , não teve outro jeito se não aceitar a carona. Conversamos muito sobre escola. Fiquei sabendo que ela estudava em um colégio católico de alta qualidade e que era uma brilhante aluna; e eu era aluno medíocre de um colégio de péssima qualidade. Pensava que estávamos equiparados, ambos na quarta série ginasial, mas havia um abismo entre nós, que eu teria que eliminar. Eu jamais namoraria uma moça mais culta que eu.(eu tinha que estar em primeiro lugar). Quando eu terminei o ginásio, interrompi o estudo oficial para me preparar para uma escola de melhor nível...”

quinta-feira, 26 de junho de 2008

A Casa dos Avós

“A Casa dos Avós” é uma coletânea de contos que, embora ficcionais, inspiram-se na vivência do autor. Agenor Figueira migrou, ainda na infância, do interior fluminense para a capital, deixando para trás a casa de fazenda de seus avós, onde retornava somente nas férias, quando então a casa tomava ares de um paraíso perdido para o qual que se retornava episodicamente.

Os contos aqui publicados são inéditos e refletem o olhar adulto sobre as lembranças saudosas de uma infância a que não se pode mais retornar, senão na memória, mas sem perder o encantamento e a perplexidade de uma criança que via descortinar diante de seus olhos um mundo muito mais complexo do que aquele de onde vinha.

O Segredo de Geny

"... O Bruno estudava a noite, e para ir de sua casa para o colégio, pegava um bonde que ia até o largo das Rosas, andava seiscentos metros e pegava outro bonde até o largo das Pintangueiras. Um dia, ele fazia distraidamente esse percurso entre um bonde e o outro, quando olhou para o lado, estava Geny, irmã de seu amigo Eliseu e noiva de um rapaz rico, com um belo sorriso o acompanhava. Ela disse que pensava que ia fazer toda a caminhada ao lado dele sem ser vista. Ele respondeu que não a viu porque estava pensando nela. Geny fingiu que não acreditou, mas acreditou. Na conversa, ele informou que estava indo para o colégio e ela disse que estava indo para casa de uma amiga, que ficava no largo do Anil. Isso se repetiu algumas vezes, até que um dia ela perguntou se ele tinha aula importante. Como disse que não, Geny falou que estava passando um belo filme no largo das Pintagueiras e ela ainda não assistiu por falta de companhia e pediu a sua..."